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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pearls - A song that touchs the heart

We are already in Kufunda Learning Village in Zimbabwe and soon will publish the new posts.

The days have been very intense and we are getting involved in different projects and feeling a bit sick last days. But I just wanted to share the letter of some songs that are really inspiring and of course listing to it, will be more inspiring.

This first one, is a song that really touched our hearts and souls and inspired us to move towards action that really can make a difference in the world...Its worth listening for in you tube by Sade.

"There is a woman in Somalia
Scraping for pearls on the roadside
There's a force stronger than nature
Keeps her will alive

This is how she's dying
She's dyin' to survive
Don't know what she's made of
I would like to be that brave

She cries to the heaven above
There is a stone in my heart
She lives a life she didn't choose
And it hurts like brand new shoes
Hurts like brand new shoes

There is a woman in Somalia
The sun gives her no mercy
The same sky we lay under
Burns her to the bone
Long as afternoon shadows
It's gonna take her to get home
Each grain carefully wrapped up
Pearls for her little girl

Hallelujah
Hallelujah"

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Inocencia ou Ingenuidade? (19/02/12)

Não sei como expressar o que estou sentindo, mas é uma tristeza profunda. Uma dor na alma que se manifesta como um aperto no coração e uma vontade incontrolável de chorar, como se as lágrimas lavassem a tristeza.

Acabamos de voltar do jantar em Victoria Falls, no Zimbabwe, o lugar mais turístico do país. Esse foi nosso segundo dia aqui e fomos muito bem tratados o tempo todo por todos. O clima aqui é bem mais leve que na África do Sul, em termos da violência, mas tem algo aqui bastante denso que ainda não consegui entender o que é.

O turísmo é a única fonte de renda dessa região e desde 2002, quando Mugabe, o presidente do país desde 1980, resolveu fazer uma reforma 'agrária' tirando as terras dos brancos para dar aos negros, pessoas foram assassinadas, e no fim muitas terras ficaram sem produzir, pois os novos proprietários não tinham os animais ou maquinários necessários.

A partir daí, a situação política e econômica desse país piorou muito, ficando bastante instável, o que espantou o turismo de Zimbabwe para a Zambia, que está a uma ponte de distância daqui, e deixando as pessoas que vivem do turismo aqui, com poucos recursos ou nenhum.

A economia quebrou de vez em 2009, a inflação foi as alturas e as pessoas simplesmente passaram a adotar o dolar como sua moeda local e desde então, disseram que tem melhorado, tanto o turismo, quanto o país, porém temos ouvido outros lado dessa história. Para alguns, principalmente os desempregados, com o dollar tudo encareceu muito e ficou bem mais difícil sobreviver.

Por isso tudo, as coisas por aqui são bem caras para os turistas, além de ser tudo cobrado em dolares, as famílias dependem do turismo. Tem muita oferta de artesanatos e passeios, por volta de 20 empresas de turismo, e as pessoas te abordam insistentemente nas ruas para comprar coisas e fazer passeios. Uma sensação super desconfortável, porque sabemos que precisam do turismo, ao mesmo tempo, não podemos comprar muito e nem ajudar a todos.

Ontem fomos ver as cataratas que são um espetáculo natural, as águas caem com força e graça num Canyon de mais 1km de comprimento, coberto por florestas e vida animal. Impressionante! Nas cataratas lavamos a alma e entregamos a mãe natureza nosso amor e gratidão por tudo o que estamos vivendo.

Hoje resolvemos fazer uma caminhada pelos arredores. No caminho paramos para admirar uma árvore gigante e bem antiga, é uma Baoba, com mais de 1000 anos de idade. Essa árvore é bem comum aqui suas folhas são usadas para cozinhar, seus frutos azedos são adorados pelos elefantes, assim como seu tronco, que os abastace de água para suas longas caminhadas.

No meio de nossa caminhada, um garoto nos chamou e começou a conversar com a gente e nos acompanhar no percurso. Não gosto muito desse tipo de atitude, pois me sinto invadida na liberdade de escolher ou não essa situação, por isso no início fiquei mais calada. Bongo é o seu nome, ele nos contou que vendia esculturas de madeira para os turistas lá nessa árvore, perguntou se não queríamos comprar coisas ou doar roupas pra ele e começou a nos perguntar várias coisas sobre a nossa viagem e nossas vidas.

Chegamos até a árvore e resolvemos seguir nossa caminhada pela beira do rio Zambezi, o 4º maior rio da Africa, o rio que desemboca nas cataratas. Nos despedimos dele, agradecemos a compania e seguimos viagem. Uns 5 minutos depois lá estava ele novamente atrás de nós. Ficamos meio ressabiados no início, sentíamos que queria algo de nós, mas depois eu comecei a conversar com ele e decidimos que íamos considerá-lo como um guia e dar uma ajuda financeira pra ele no final.

O passeio pela margem do rio é muito bonito, repleto de vida animal e vegetação. As águas calmas não aparentam que há poucos metros se transformarão numa imensa catarata... vimos macacos, passarinhos e batemos um bom papo com o Bongo.

Ele nos contou mais sobre sua vida e seu país, e nós falamos mais sobre o Brasil. Ele mora com sua esposa, que não trabalha, e eles ainda não tem filhos, mas querem ter o ano que vem. Ele tem 23 e sua esposa 20 anos, é o caçula de 3 irmãos de sangue e um irmão de alma, com quem mora hoje. Me disse que pra ele é muito difícil conseguir dinheiro aqui e quando consegue, logo compra comida pra garantir que terão o que comer. Ele nunca saiu de Victoria Falls e quando eu perguntei se tinha algum sonho, me disse que não.

Ele foi nos mostrando o caminho e parecia que estava curtindo fazer o papel de guia. Ele se mostrou uma pessoa simpática, de sorriso fácil, mas com uma certa mágoa no olhar. Falou que nos levaria até um mercado de artesanato, onde seu irmão de alma vende seus produtos. Comecou a nos indicar o caminho, e assim que vimos a polícia turística, ele nos convidou a pegar um atalho.

Entramos em uma trilha no mato, num lugar pra nós desconhecido e fora da rota turística. Bongo comentou que a policia turística as vezes afungentava ele de seus "clientes". Eu entendi uma coisa completamente diferente, que Bongo queria se afastar de outros guias oficiais, porque eles queriam os clientes para eles e tentavam afugentar Bongo.

Será que era mesmo um atalho, ou estava nos afastando da policia? Foi o que o Thomas se perguntou. E eu, na mais completa ingenuidade, lhe disse que poderíamos dizer não (pensando num outro guia que nos quisesse roubar dele).

Mais uma pessoa apareceu atras de nós, e começou a puxar papo. Eu já pensei que era o guia oficial querendo nos roubar de Bongo, tendendo a protegê-lo. Alguns metros adiante, apareceram no mato alguns barracões de sucata, e ao lado algumas pessoas cozinhavam no chão em uma lata. Por um instante, Thomas pensou: "pronto, agora caimos em uma emboscada".

Logo vimos o artesanato no chão de terra batida dentro dos barracos... era o mercado. Foi um certo alívio pro Thomas, mas ainda havia uma certa tensão no ar. E eu, num outro mundo sem perceber nada disso, achando o máximo conhecer mais do mundo de Bongo e da realidade local.

O irmão apareceu, seguido de muitos outros irmãos. Eu quis comprar algo pra ajudar, mesmo sabendo que não podemos carregar e que precisamos economizar... as vezes me sinto coração mole nessas horas.

Saímos de lá e ele nos perguntou se queríamos conhecer onde ele morava, chamou o lugar de compound, onde as pessoas que trabalham lá vivem. Eu disse que sim, claro, quero conhecer a realidade daqui e não ficar só no turismo, mas quando estávamos a caminho, a polícia turística parou ele e ficou um tempão conversando em Ndebele, uma das línguas nativas locais, além do Shona e outras.

Não estava entendendo o que estava rolando, e comecei a fazer um sinal para o Bongo de vamos... pensei em dizer para o policial que éramos amigos do Bongo.

O Thomas logo entendeu tudo e achou uma excelente oportunidade para sair da situação, que ficou bastante desconfortavél. Ficamos sem saber o que fazer e resolvemos nos aproximar dele e do policial para perguntar o que estava acontecendo.

O policial nos perguntou como tínhamos conhecido ele e começou a nos falar que ele não era um guia autorizado e que não recomendava que nós seguíssemos com ele, pois já tinham sido reportados casos de assalto, onde um sujeito não conhecido passava a acompanhar turistas, levava eles pra um lugar mais vulnerável, enquanto combinava com outras pessoas um assalto, quando o assalto acontecia ele ía embora, e depois dividiam tudo o que foi roubado. Inclusive houve um caso assim ontem.

Meu coração apertou no momento em que olhei para Bongo, seu olhar de tristeza e humilhação mostrava a gigantesca ditância que agora nos separava e interditava essa relação. Ele tomado como suspeito e nós como possíveis vítimas... e mais, me dei conta que internamente pra mim, ele ocupava um papel de vítima e nós de possíveis bem-feitores.

Uau, que ficha caiu. Me colocar nesse lugar de possível bem-feitora, me vulnerabilizou tremendamente, porque me cegou para outras possibilidades. Me colocou, inconscientemente num papel de 'superioridade'. Me pergunto: Será que realmente alguém ajuda alguém sem se colocar num papel de 'superioridade' e poder?

Esse mecanismo de separar e classificar, que temos em nós desde que a humanidade é humanidade, as vezes consciente e outras inconsciente nos tira do lugar de iguais, fragmenta e nos impede de viver como iguais.

Voltando a nossa história, o Thomas me sinalizou pra irmos embora... queríamos ajudar e ficamos sem saber como lidar com o que estava acontecendo. Decidimos nos aproximar dele para nos despedir e dizer que sentíamos muito. Demos uns trocados em agradecimento a compania e a ajuda e partimos com o policial.

Ele também era uma pessoa bastante humilde, com um uniforme surrado e cuja a única identificação era uma bata, um pouco suja dizendo "Victoria Falls Turism Police". Ele nos explicou cuidadosamente um pouco mais da situação e pediu pra que fossemos cuidadosos.

A impressão que ficou, observando estas duas pessoas em posições tão distintas, mas em condições tão parecidas, é que os papéis poderiam facilmente ter sido opostos. Muitos aqui navegam essa fina linha entre a miséria e a pobreza e as vezes o mais simples dos empregos é um grande luxo, enquanto a nossa volta alguns turistas com suas cameras enormes nos pescoços, olhando vitrines de lojas, a caminho dos seus hotéis 5 estrelas. Quantos contrastes...

Sentamos pra beber algo, o Thomas dizendo que havíamos sido ingênuos e estávamos completamente vulneráveis nas mãos de alguém que nunca havíamos visto antes, levando a gente pra um lugar que não conhecíamos... ele tem razão, mas eu não aguentei de tristeza e fui pro banheiro chorar...meu coração tava apertado demais sem poder fazer nada. Sentindo por um lado a injustiça social que existe no mundo e por outro uma impotência de não poder ajudar todo mundo.

Não sei se fizemos certo ou não, nem existe certo ou errado, fizemos o que sentimos que precisávamos fazer, mas com certeza agimos em auto-defesa, mais pelo medo que pelo amor, e acho que isso me deixou despedaçada, principalmente quando lembro-me do olhar de Bongo.

Mas até que ponto queremos nos arriscar e nos expor a possíveis perigos sem necessidade?

Essa é uma reflexão sem fim, e talvez as vezes sejamos ingênuos sim, mas queremos muito manter sempre a inocência e poder confiar nas pessoas e nos entregar a vulnerabilidade de quem somos, sem ser ingênuos. Acho que ainda estamos em busca desse lugar.

Mas como dizia o Rebbe Lentzner: "É preciso ter um coração partido para se ter um coração inteiro". Meu coração fica mais inteiro a cada dia.

Com o coração partido e inteiro,

Narjara e Thomas

Sobrevivência (18/02/12)

Na luta pela sobrevivência, as vezes esquecemos quem somos e o que viemos fazer e a única coisa que fica presente é a sobrevivência. É difícil entender isso pra muitos de nós que nunca precisamos viver isso... me toca a fortaleza interna dessas pessoas que apesar de tudo não sucumbem.

Lembro-me de um garoto que me apresentou sua casa, numa favela em Soweto. Era uma casa de um único cômodo, teto para seis mulheres, entre primas e irmãs, para quem ele gentilmente deixou a casa para que tivessem mais privacidade.

A luz é um "gato" improvisado com fios passando pela casa toda e o banheiro, assim como água corrente, são inexistentes. Para ir ao banheiro é preciso sair, fora das casas tem alguns banheiros públicos que parecem uma caixa, que nem os banheiros de show. E para pegar água, mulheres e crianças com extrema habilidade e equilíbrio colocam os baldes d'água da bica em suas cabeças e levam pra casa.

Esse garoto não conseguiu terminar o colégio, porque precisou dar um jeito de sobreviver e quando não tem visitas de turistas que lhe dão gorgetas, ele carrega lixo reciclável para vender. Sua vergonha, eu imagino, lhe impediu de me dizer que não tinha completado o colégio, ao


em vez disso, me disse que estava começando a universidade, e me perguntou olhando nos olhos: "Você seria capaz de sobreviver assim?"

Um tapa na cara que me fez refletir muito, e a minha primeira resposta foi: "Acho que não!"

Então ele me disse: "pra sobreviver aqui, eu uso a cabeça."

Poxa, eu pensei, se vivesse nessas condições certamente me adaptaria, sou humana e tenho inteligência também. Mas, será que só basta a inteligência pra sobreviver em condições extremas?

Algo me diz que as emoções tem um papel fundamental em tudo isso. As nossas emoções muitas vezes acabam controlando nossas mentes, nos fazem agir de um jeito que racionalmente não queremos, mexem com nosso sistema imunológico, enfim... pensei que talvez se eu passasse a viver numa situação como aquela nesse ponto da minha vida seria mais difícil cuidar das emoções para sobreviver bem.

Qual será o controle emocional diário necessário para sobreviver em situações de miséria extrema? Ou em situações de sofrimento e dor extremas?

Lembro-me de ler num dos livros de Victor Frankl que numa pesquisa sobre o motivo pelo qual algumas pessoas sobreviveram ao elevado grau de estresse que foram os campos de concentração no holocausto, descobriu-se que um ponto em comum foi que eram guiadas por um sentido maior para a vida e para a experiência que estavam vivendo, seja um dia rever a família, ou uma religião, ou qualquer outra coisa.

Um sentido maior realmente me parece algo que fortaleceria alguém para passar por situações difíceis e sobreviver, mas também acho que tem um instinto humano para manter a vida e sobreviver e as vezes esse fala mais alto que qualquer outra coisa, porque quando se está com fome talvez seja mais difícil acessar um sentido maior do que a própria sobrevivência. Será?

Qual será esse sentido ou esse instinto que faz com que esse garoto e muitas outras escolham a vida e encontrem força pra trabalhar?

O que faz a cada um de nós escolher a vida todos os dias?

Vivendo mais um dia,

Narjara


Um dia de Contrastes (16/02/12)

E o que determina algo e o torna inteiro se não o seu oposto? Como conheceríamos o bem sem o mau, o amor sem o ódio, o prazer sem a dor?

Por vivermos num mundo dual, enxergamos as coisas separadas, vivemos as polaridades como experiências distintas, o quente e o frio, masculino e o feminino, quando na verdade as diferentes polaridades são o que formam o todo, um polo não existe sem o outro.

De volta a Johannesburg, não foi fácil desligar do medo e da violência que experienciamos há menos de uma semana. Foi um grande trabalho interno que valeu a pena, e nos possibilitou conhecer o outro lado dessa moeda que faz de Johannesburg, o que é.

Fomos ao bairro mais 'perigoso' e violento da cidade, num parque chamado Joubert Park, que serve como playground para crianças, ponto de encontro para jovens e também como ponto de tráfico, prostituição e violência.

E lá encontramos um lindo trabalho a serviço dessa comunidade, e de toda a África, o Green House Project, que tem como missão empoderar e resgatar conhecimentos e habilidades dos indivíduos, aplicando isso a trabalhos que tragam renda e cuidem do planeta e da saúde das pessoas. Trabalhos como reciclagem, jardinagem orgânica, construção ecológica, e mais do que isso, seu trabalho é ampliar a consciência de cada um, transformando não só suas vidas, mas a vida das comunidades de que fazem parte.
 
E com isso a auto-estima de um povo sofrido, que vem de toda África em busca de melhores oportunidades na cidade, que muitas vezes acabam encontrando com mais miséria e esquecendo suas habilidades, começa a ser restaurada na criação e no trabalho que emerge do reencontro consigo mesmo e com a terra.

Saindo de lá, há cinco minutos de distância, conhecemos o Instituto Maharishi, um outro oasis em meio as ruas caóticas do centro de Johannesburg. Lá fizemos uma viagem mágica pela educação nos novos tempos, uma educação para a consciência que inclui a meditação como um portal para o aprendizado, criando um espaço seguro para que os alunos possam mergulhar em si mesmos, em seus sonhos e exercitar suas habilidades e conhecimentos.

Lá é uma universidade onde os estudantes além de aprender, já saem empregados para que possam encaminhar suas vidas de forma diferente. Todos os custos com a educação são pagos quando o estudante puder pagar com seu trabalho, e esse dinheiro já subsidia outro estudante que está chegando.

De volta as ruas do centro de Johannesburg, a realidade contrasta, como se estivéssemos vivendo um sonho distante da maior parte das pessoas que caminha pelas ruas movimentadas da cidade ao entardecer. Algumas em busca do descanso merecido, após um longo dia de trabalho, mas para muitas a luta pela sobrevivência continua... a busca por comida nos lixos da cidade, vendedores ambulantes com armas aparentes nas cinturas, como se precisassem se proteger, muitas pessoas em um aterro organizando lixo para vender, outras lá é o único lugar que tem para ficar e descansar.

Quase que numa ilusão de ótica, um caminhão blindado da polícia no meio da calçada... o que será que isso quer dizer?

Entre a luz do dia e a sombra da noite que se aproxima, vamos retornando em nosso último dia no centro de Johannesburg, num dia cheio de mágica e contrastes como a noite e o dia, todos são pedaços e histórias que compõe o que essa cidade é, com suas belezas que se fazem belas em suas imperfeições. Assim como qualquer outra cidade, assim como qualquer um de nós.

na perfeição da minha imperfeição,

Narjara

 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Fear

So what about fear?

There is one night when I understood what fear meant. Darkness was present and silence took place as I fell asleep. Suddenly, strong knocks on the door and the whole scenario changed.

I can feel the addrenaline taking over my body, the heart beat accelarating and a sense of impotence overwhealming me. The mind dove into it's own fantasy and created a whole world to nurture the fear stronger and stronger and the 'reality' was substituted by the minds creation, leaving the body in a still state of panic.

A state of mind maybe, that takes you straigh into the so called 'hell', that only exists within ourselves, controled by our minds. The body feels it, the mind understands it, but somehow surrender to it... the being is left alone to fight the fear and overcome it into peace and trust... I pray to the lord, try to control the mind and the thoughts to create a different reality, I control the breathing, and for some minutes it seems to be gone, but then a little noise outside and it comes right back in, ripping into my chest and mind... counting the hours to see the light and feel peace again.

What strikes that vulnerability in me? The incident in Jo'burg?

Finaly come to realize, there is no such a thing as heaven and hell outside, it is an ethernal battle that must always be fought inside every one of us and there must never be a winer. That's the ethernal battle of life, the forces of good and evil within us that must be integrated to our whole being, in order for us to be whole.

So what take us away from the state of hell may be the awareness that fear is our own creation, and our natural state of mind is love and trust. Also the active choice for our natural state (love and trust) instead of the created state (fear). That freed me from that horrible fear, through a great struggle into the whole night, battling with my eyes opened, my heart tight and my soul very aware of it all.

When the light finaly came I could see clearly my minds own creation of fear.

"In day time, man can cope somehow with his environment, can exist and endure, even live peacefully; the night, however, renders him defenseless, easy pray to his enemies and conceals forces with nefarious designs upon his life. That's why fear, which during the day slumbers in a mans heart, secretive and sudued, is transformed at night into an overpowering fright, a haunting, tormenting nightmare." Ryszard Kapuscinski in book The shadow of the sun

Love and trust,
Narjara

The I Ching Message...

At night, after everything that happened, we consulted the wise I Ching to understand what was to be our learning from that...

"In a great storm the wise bird returns to her nest and waits patiently. This is a time of difficult and dangerous conditions. You should not be seduced into struggling, striving, or seeking solutions through aggressive action. Success is met only by waiting modestly for the guidance of the Creative. Trying times are a test of our integrity and commitment to proper principles. The ordinary person reacts to challenges with fear, anger, mistrust of fate, and a stubborn desire to strike out and eliminate difficulty once and for all. While the temptation to act in this way can be great, to do so can only lead to misfortune and the loss of hard-won ground. The way of the superior person faced with difficulty is that of nonaction rather than action. She does not strive after recognition or resolution or attempt to gain a higher position by conquering others. Instead, she retreats into her center and cultivates humility, patience, and conscientiousness. On the path of acceptance, self-inquiry, and self-improvement we obtain the aid of the Creative and meet with success after the storm has passed."

No words necessary... we were amazed!

A day to forget, maybe not!

So, as I woke up this morning really early (around 5h30) and couldn't sleep anymore because of the excitement my head was full of ideas for a project to do while we are away, a great and big project, so I got up and started writing and researching about it and soon we were gone to the HUB Johannesburg, with Alex, one of the founders that came to pick us up.

It was a fresh morning and we were excited, specially me, because we were going to visit amazing projects such as The Green House Project and The Maharishi Institute, and I was planning already how to get my ideas happening with everyone's help.

We decided to cacht a public taxi van that runs here in Jo'burg in a informal system parallel to the bus system and it was a nice experience. The first time we did it was a bit weird, because people starred at us as if we shouldn't be there, but this time people were more friendly around us and I guess we didn't look so lost as the first time.

The weird I'm saying has to do with the tension still present in the air, here in Jo'burg, and I also think in the whole country. You can see it in people's eyes and specialy sense it within the relationships around. I have to tell you that I felt it in my skin and we could feel it even in our behavior and energy.
This tension seems to be a left over from the Aphartaid times, we can feel there's anger and hurt still whithin people and relationships... Those were hard times in South Africa, and it feels one of their challenge as a nation is to get over that racist battle inside the people so it will vanish way the outside conflicts.

So, as we walked out of the van and decided to enjoy the Top of Africa view, a 50 floor building downtown, the highest in Africa, where you can see the whole city. And leaving there on a very deep conversation about the moment of the world, economic models and solutions we were badly surprise by a mugging involving violence in the middle of a downtown street in Johannesburg, close to 11 o'clock in the morning.

Nothing bad happened to us, execept the loss of documents, watches and money and the emotional injury and violence.

We are still trying to understand why such a thing happenned. Besides the fact that Johannesburg is a very violent city, I believe there's always a reason way we attrack those experiences to learn from it.
After all that happened, we had an amazing welcoming space to process it at the HUB in Johannesburg, and a great conversation with dear friends, who showed us a different part of Jo'burg.


The Hub from above

And a bit later, we had to go back on the streets with the police to help them identify the thiefs. It was very hurtful and violent to me wittnessing the police searching all man in 2 bars, as they were looking at us, it came back the feeling of anger and unjustice that still very present here. It's so humiliating going through such a thing, being robbed and being a suspect.

That made me sad and made me go to the reflection of responsability. What is my responsability as a world citizen to this violence? How are my choices contributing for this, hunger, misery, racism? What is the individual responsibility and what's the point where they both meet? Maybe there is where we would be able to do something...

That experience tought us many things... one of them was persistence. We were sad, frustrated, angry at first, this seemed unfair. But then, what's really unfair? We go back to our friends, have our house, family, job... what about those who don't have any of that and still need to risk their lives stilling from other people?? Well, that doesn't justify anything, specially the violence, but explains somethings.

Another thing that we learned was how presence is important. Sometimes we go through the whole day and don't even remember what we did. I read a very good book from Nilton Bonder that he wrote that we only remember experiences when we were really present, otherwise, we won't, and probably had been absent or not intirely there. So, to be safe lucky isn't enough, we really have to be present to let our intuition guide us through.

And something that was very present to me was two different forces, one that was ready to give up on the ideas and ideals, thinking that wasn't worth the risk we were taking, but then another force was saying it is a test, persist that great things come with tests and as bigger the testes, as more important the things. So, there's a part of me that feels very glad that nothing worse happened and that we could get stronger with that experience to prevent others.
So instead of going on fear and anger, we are choosing to continue on love and trust, but it has been a process.

"To be robbed is, first and foremost, to be humiliated, to be made a fool of. But with time I came to understand that seeing robbery as a humiliation and an affront is an emotional luxury. Living amid the poverty of my neighborhood, I realized that theft, even a petty theft, can be a death sentence." Ryszard Kapuscinski in book The shadow of the sun

Love to all,
Narjara

Uma Humilde perspectiva da Africa do Sul

Faz uma semana que pisamos em Johannesburg, sete dias de amor e dor, encontros e desencontros, medo e confiança, alegria e tristeza, surpesa e decepção, esperança e indignação... olhando para trás, em apenas poucos dias, a intensidade tornou a experiencia rica e ao mesmo tempo nos abriu um mundo que ainda não conhecíamos, e isso é apenas o começo, a ponta do iceberg.

De uma perspectiva de quem chega e experiencia só um pedaço desse bonito e antigo país, cheio de contradições, tradições e abrigo para diferentes culturas e raças, em um primeiro momento fica evidente que existe uma tensão presente no ar, nos sentimos constantemente viagiados, e sentimos que existe uma raiva pairando como uma nuvem por cima das movimentadas ruas das cidades.

Nos parece um ferida aberta, resultado de séculos de opressão, violência, exploração. De alguma forma, o simples fato de sermos brancos já nos torna alvo de observação. Mas as tensões são muito mais complexas e profudas do que a simples divisão brancos e negros, envolvendo uma intrincada diversidade tribal, racial, social, econômica e cultural. Está além do que conseguimos compreender em poucos dias, como estrangeiros, e está arraigada no DNA dos sul africanos, assim como expresso nas diferentes culturas e no retrato de sua história.
Além dos evidentes contrastes a nossa volta, também embarcamos numa profunda jornada interna. A partir do momento que chegamos, alguns de nossos padrões começaram a emergir expondo a essência do que queremos mudar em nós e em nossa relação. A tensão também ficou explicita entre nós, com atritos e faíscas. Isso por um lado tirou nosso chão desnudando-nos um perante o outro, mas também nos colocou num lugar lindo de vulnerabilidade e imperfeição, trazendo a tona o amor que nos une e as conversas que realmente importam para o nosso crescimento.

Que jeito de começar a viagem, já rasgando nossos egos e abrindo nosso peito para esse processo de morte e nascimento que está emergindo. Sabe, já não conseguimos distinguir o que é o processo individual, de cada um de nós, e a energia do lugar em que estamos. É como se tudo fosse uma linda dança em que os diferentes processos e energias se enlaçam, possibilitando que todos vivam o que precisam viver e recebam o que precisam receber no momento em que estão. Parece o plano perfeito para que possamos viver a perfeição da nossa imperfeição. :)

Nesses dias conversamos com pessoas de lugares diferentes, classes sociais e raças distintas. Visitamos muitos lugares interessantes, como o museo do Apartheid, uma excelente experiencia para conhecer o regime racista que governou o país por décadas e o contexto histórico que levou a isso. Também fomos conhecer a " township" de Soweto, uma bairro intencionalmente planejado para segregar os negros, removendo-os do centro da cidade. Vivenciamos brevemente uma das favelas de Soweto e suas condições de extrema pobreza.

Também vimos lugares incríveis, como o espaço cultural e sagrado de Credo Mutwa, que resgata algumas das tradições nativas, seus rituais e práticas de cura. Conhecemos o Hub Johannesburg - um espaços de inovação e empreendorismo social. Por fim visitamos o Berço da Humanidade (Maopeng), com escavações arqueológicas de quase 3 milhões de anos, com os primeiros sinais de hominídeos na face da terra.

Descobrimos que se falam mais de 20 línguas nesse país, que todos se entendem, mas nem sempre se respeitam. Vimos a cultura tribal ainda bastante presente e a raiva e mágoa que restaram do processo de colonização e do sitema do Apartheid, ainda estão distantes de desaparecer. As marcas de vitimização e injustiça que ficaram roubaram o protagonismo e a perspectiva de longo prazo de um povo que sofreu e ainda sofre de uma grande miséria economica, política, educacional e social. E deixou questões complexas como a Aids (por exemplo 30% da população de Soweto), o desemprego (que atinge 60% da população de Soweto), a corrupção e a ignorância, decorrentes da pobreza, da maternidade e do casamento precoces. Para ilustrar isso um pouco: Nos contaram que o atual presidente, Zuma, disse publicamente que não se contaminou com AIDS, porque tomou banho logo depois de ter se relacionado com uma pessoa contaminada. Como ele é da etnia Zulu, os Zulus agora acreditam que podem evitar o contagio do vírus se lavando.

Existem questões e conflitos muito evidentes, inclusive os próprios negros que eram unidos durante a época do Apartheid em torno de uma causa comum, agora lutam uns com os outros: os que se mantém pobres assaltam os ricos, os Zulus lutam contra os Xhosas... Ficamos nos perguntando o que ainda separa os Sul Africanos e impede que sejam uma nação unida para abraçar a prosperidade que lhes aproxima como uma nação em desenvolvimento.

Nos parece que apesar do regime racista ter acabado, os padrões de fragmentação e violência ainda estão presentes, agora em uma complexidade muito maior e parecem ser tão profundos e enraizados, que se transmite de geração em geração, se tornando um ciclo sistemico sem fim.

As belezas de um povo resiliente e capaz de sobreviver e superar séculos de humilhação e segregação estão presentes, mas ainda encobertas por tudo que viemos descrevendo acima. Em nossa humilde opinião, essa é uma das razões que impede que floresça uma nova Africa do Sul, que acolhe e pertence a todas as raças.

Já escutaram essa história? Ela se parece com muitas outras histórias de colonização e segregação no mundo todo, os portugueses e os índios no Brasil, os arianos e os judeus na Segunda Guerra, os Incas/Mayas e os Espanhóis na América latina... Essa história de subjugamento de alguns por outros que se julgam superiores, no fundo parte do medo de ambas as partes, dominado e dominador, que cega ambos colocando-os na inconsciencia de seus papéis que nutrem os dois lados de uma mesma moeda.

Até quando viveremos no ciclo da incosciência repetindo padrões de nosos ancestrais e criando uma realidade de dor, violência e escassez?

seguindo na jornada,

Na e Tho

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Significado da Jornada

Há um ano estamos nos preparando para fazer uma viagem, mas não uma viagem comum, uma viagem que nos abra para novos mundos dentro de nós, que nos leve pra lugares desconhecidos e adormecidos, que sacuda a base dos nossos valores e questione nossas práticas, que nos provoque reflexões profundas e nos inspire a servir o nosso melhor, ainda mais, por onde passarmos.

Eu diria que isso é bem mais que uma viagem, é mais um rito de passagem em nossas vidas, do indivíduo para a família, da cidade para a terra, de fora pra dentro... um passo que nos levará para uma nova etapa em nossas vidas que ainda não está muito clara, assim como o momento de transição que estamos vivendo no mundo.

Acho que parte do motivo pelo qual escolhemos viajar nesse momento, é porque nos sentimos parte dessa grande mudança, como guerreiros da luz lutando por um mundo com mais significado, amor e harmonia, onde todos possamos desenvolver nosso potencial ao máximo e ser felizes. E para isso, estamos começando por nós mesmos sendo um exemplo desse mundo.

Isso tem sido um processo muito rico, e por vezes bem árduo também. Muita disponibilidade em se trabalhar, desapego de padrões, paciência, consciência, amor e respeito por si mesmo, pelo parceiro e pelo processo. Provavelmente um trabalho contínuo pela vida toda e estamos investindo muito nele, pois acreditamos que esse é o caminho da mudança, através de nós o impacto da mudança é bem maior.

Muitas coisas nos prendiam em São Paulo, nos nossos velhos padrões, assim que essa viagem é parte desse processo de entrega e trabalho em nós mesmos e na nossa relação pra deixar o que queremos deixar pra trás e abrirmos mais espaço para que a nossa missão para o mundo ganhe mais força e forma.

Por isso, pra começar decidimos nos esvaziar. Desde que nascemos vamos nos preenchendo com tantas coisas... valores, pressupostos, idéias, papéis, conhecimentos que as vezes ficamos enterrados no meio de tudo isso e quando nos damos conta... onde estamos nós??
cadê nosso verdadeiro ser?? e nossos sonhos??

Como seria nos despirmos de tudo isso e nos olharmos nús de novo, como viemos ao mundo?
O que resta?
Será que o que resta é a única coisa que sempre existiu? a mais preciosa de todas?
A única da qual realmente não existíriamos sem?
Quero experimentar esse lugar.

Começamos a esvaziar nosso 'copo' pra embarcar na jornada vazios... e olha que não achei que fosse tão difícil mergulhar no vazio. Parece que tem uma parte de nós que resiste até o fim com medo de desaparecer... eu acho que é o nosso ego relutando para não desaparecer, com medo, o medo que nos é apresentado de várias formas desde que nascemos... a ausência da confiança, um medo que não existe em nós naturalmente... nascemos completamente vulneráveis e dependentes dos cuidados de nossos pais... quer mais confiança que isso?

É maluco pensar que as vezes nos apegamos a coisas, papéis, sentimentos e pessoas por nos identificamos com elas, como se sem elas fossemos desaparecer. Acho que essa é a melhor forma de explicar esse medo do vazio que encontrei.

No fim, o ego é simplesmente uma forma da nossa expressão aqui na terra e ele não tem como desaparecer, e aí eu acho que entendi que o que estava acontecendo... o ego estava deixando de estar no centro e de comandar para estar a serviço do meu ser e aí a forma de expressão no mundo deixou de ser o mais importante...

Depois de divagar tentando explicar o inexplicável, na prática o que fizemos para mergulhar nesse processo de esvaziamento foi vender nossos carros, alugar o apartamento e nos afastarmos do trabalho. E aí a viagem se tornou um meio para estarmos distantes dos nossos papéis sociais já estabelecidos pra começar a tirar essas camadas a nossa volta e ver o que resta.

Bom, esse é o espírito da nossa jornada de aprendizagem, um grande crescimento interno e muito serviço pro mundo compartilhando nossos aprendizados e experiências pelos continentes Africano e Asiatico.

E o que emergirá dela, só saberemos ao longo do caminho. Por hora, planejamento visitar lugares e ter experiências que nos abram pra novas formas de vida coerentes com o mundo que queremos viver.


Narjara