Pesquisar este blog

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tao Te King - verse 38

To give without seeking reward

To help without thinking it is virtuous - therein lies great virtue

To keep account of your actions

To help with the hope of gaining merit - therein lies no virtue

 

The highest virtue is to act without a sense of self

The highest kindness is to give without condition

The highest justice is to see without preference

 

When Tao is lost one must learn the rule of virtue

When virtue is lost, the rule of kindness

When kindness is lost, the rules of justice

When justice is lost, the rules of conduct

And when the high-blown rules of conduct are not followed people seized by the arm and it is forced on them

The rules of conduct are just an outer show of devotion and loyalty - quite confusing to the heart

And when men rely on these rules for guidance - Oh, what ignorance abounds!

 

The great master follows his own nature and not the trappings of life

It is said, "He stays with the fruit and not the fluff"

"He stays with the firm and not the flimsy"

"He stays with the true and not the false"

 

domingo, 15 de abril de 2012

O que é uma lotação lotada?

Lembro das nossas viagens pelo interior do Zimbabwe enlatados em um matatu ou daladala ou kombi - diversos nomes que dão para as vans (famosas "lotações" que circulavam por São Paulo alguns anos atrás).

Esse parece ser um dos aspectos comuns de todos os países da África que passamos até agora: o principal meio de transporte são essas latas velhas entupidas de gente. Nos centros urbanos os matatus são um enxame, um monte de vans por todos os lados, cortando uma as outras, buzinando, com pessoas penduradas pelas janelas gritando o destino para onde vão.

Mas no Zimbabwe fiquei impressionado. Percebi que a pergunta "O que é uma lotação lotada?", não tem uma resposta clara. Ao entrarmos no matatu pudemos ver claramente uma frase escrita na lateral: "Lotação máxima 15 pessoas". Claro, faz sentido, são 5 fileiras de bancos para 3 pessoas cada, tranquilo. Sentamos no último banco e até tínhamos espaço para colocar os nossos mochilões no terceiro acento livre.

A cada parada mais gente entra, e logo vem a primeira surpresa: levamos bronca do cobrador pois devem sentar 4 pessoas por fileira. O fato de ficarmos sentados entre dois assentos, com uns ferros desconfortáveis na bunda não parece importar muito. Nessa altura já estávamos com os mochilões enormes no colo, com as alças na nossa cara a suando como em uma sauna. Todos os bancos estavam com quatro pessoas esmagadas, algumas com bebês ou sacos cheios de tranqueiras colo. Agora a lotação esta lotada, certo? Próxima parada o cobrador abre a porta, e mais gente quer entrar... como assim?!? Mas isso é a África, e sempre cabe mais um. Tudo bem se ele tem que ficar de pé, com o pescoço torcido contra o teto, e o sovaco na cara da pessoa sentada ao lado (olha que o pessoal não usa desodorante aqui).

Faço as contas, deve ter umas 25 pessoas dentro do matatu, mas é impossível contar todos nesse emaranhado de braços, cabeças, bebês, cachos de banana, sacos plásticos enormes, melancias etc. A música estridente no último volume (sempre ritmos dançantes, bem africanos), nos deixa quase surdos, mas faz parte do clima. Olho pela janela e vejo mais uma moto desviando da gente no acostamento... parece que nas ultrapassagens também vale a lei do mais forte aqui.

E assim seguimos chacoalhando pelas ruas esburacadas, em meio a vilas de cabanas de palha e paisagens lindas... E com isso aprendi mais uma coisa: não existe lotação lotada.

Thomas

Cenas de um "Safari" de Aprendizagem

Sentados em um ônibus velho, com pessoas esmagadas em todos os cantos, olho pela janela e vejo cenas familiares, mesmo nunca tendo passado por aqui. Pequenos barracos de madeira, enfileirados lado a lado na beira da rodovia, coloridos e empoeirados - mercado, hotel, farmácia, bar, cabeleireiro, escola, igreja - tudo com um ar velho, quase medieval, a versão tribal dos shopping centers. Pessoas com roupas coloridas, mulheres carregando bebês nas costas, meninos tocando cabras e vacas. O ônibus encosta e é imediatamente cercado de mulheres com cestos na cabeça, batendo nas janelas vendendo de tudo - bananas, pregadores de roupa, tomates, sapatos, créditos de celular (sim, se há um sinal de modernidade que está presente em todos os lugares que passamos são os celulares baratos). Todos aqui buscam desesperadamente um nicho para conseguir ganhar a vida. O motorista acelera, e alguns metros a frente vemos algumas mulheres Maasai carregando enormes fardos de madeira na cabeça, indo em direção a vazia savana. Em algum lugar no meio dessa vastidão - pode ser logo ali depois do morro ou algumas horas de caminhada - um bando de crianças espera em uma cabana feita de gravetos, barro e esterco pela sua refeição que precisa ser cozida com a madeira. Elas caminham de cabeça erguida, com orgulho e sorriso no rosto.

Estamos na Tanzania, a caminho de Arusha para Karatu, uma pequena mas movimentada cidadezinha nas montanhas, o lugar mais próximo de Ngorongoro, uma cratera de vulcão extinto. Esse é um famoso destino de safari, pela sua beleza e grande concentração de animais. Nas temporadas hordas de turistas, principalmente americanos e europeus, inundam essa região, em busca de uma linda foto de um leão, rinoceronte ou girafa. Sorte nossa que é baixa temporada. Vamos tentar achar uma forma de visitar esse lugar incrível sem pagar os preços exorbitantes dos safaris nas companhias de turismo.

A língua franca em boa parte do leste da África é o Swahili, que nasceu da mistura de línguas tribais locais com árabe, com os séculos de influencia dos mercadores - de marfim, escravos, especiarias - que povoaram a região costeira. Mais um sinal da diversidade cultural e étnica desse continente. "Safari" em Swahili significa literalmente "jornada". Com o turismo, acabou assumindo outro significado - um bando de wazungo (brancos) apertados em um carro procurando leões. Mas se olharmos para o significado original da palavra, é exatamente o que estamos fazendo, uma jornada... um safari de aprendizado.

 

Chacoalhando no ônibus continuo a observar as pessoas e a paisagem... essa é uma região linda. Começamos a subir a encosta das montanhas cobertas de florestas, uma incrível vista do Lago Manyara se revela ao nosso lado. Vejo as pessoas apertadas no ônibus, e muitas cenas do nossos dois meses de "safari" passam pela minha cabeça.

Lembro de alguns momentos no Zimbabwe, das nossas viagens de matatu (lotação) pelas vilas rurais. Não consigo esquecer das plantações de milho... não que milho seja algo muito marcante. Mas até em Harare, a capital do país, vimos pés de milho nos lugares mais inusitados: em calçadas, praças, jardins das casas de classe média... em praticamente qualquer pedaço de chão livre. Com o colapso econômico em 2009, as pessoas aprenderam a sobreviver por conta própria. Sem comida nos mercados, com cortes constantes de água e eletricidade, não tiveram outra escolha. Isso me faz refletir sobre o que é realmente importante na vida. Tantas vezes esquecemos do milho.

Próxima cena passa pela minha cabeça: estamos sentados dentro de uma pequena cabana de barro e esterco, na savana do Kenya. A cabana é muito escura, quase não percebemos o escaldante sol o lá fora pelas duas minúsculas janelas, não mais que pequenos buracos. O teto é tão baixo que mal é possível ficar de pé. Estamos sentados em uma cama feita de gravetos e couro de vaca - colchões, travesseiros e cobertores são luxos que não fazem parte da realidade aqui. A nossa anfitriã, uma mulher Samburo, esquenta água para o chá em uma panela amassada sobre uma pequena fogueira no chão de terra batida. A fumaça se acumula com a falta de ventilação, tornando o ar pesado e difícil de respirar. O ambiente é quase sobrenatural, mágico... O que mais chama a atenção é o sorriso e o orgulho dela, está muito feliz e honrada por nos receber como visitantes. A luz que irradia, torna todos os outros detalhes quase insignificantes.

Mais uma imagem... estamos sentados em um sofisticado restaurante tailandês, no rico bairro de Sandton, nos subúrbios ao norte de Johannesburg. A praça chamada "Nelson Mandela Square" a nossa frente é rodeada de hotéis cinco estrelas, prédios envidraçados e um shopping center com lojas de grife. A nossa volta pessoas com seus iPhones e óculos Ray-Ban conversam animadas ao desfrutar seus deliciosos pratos. Esse é um ambiente familiar, podia ser qualquer shopping em São Paulo... Mas os dois meses que nos separam desse momento fazem com que seja uma memória distante, claramente uma exceção nesse continente sofrido. O milho e a cabana passam pela minha cabeça novamente. Quantos contrastes!

O ônibus pula em um buraco, e por um instante lembro que estou na Tanzânia. Todas essas cenas e memórias estão se misturando em um borrão. Parece que de estou começando e ter uma sensação do que é o espirito da África, a essência por traz das formas. Acho que é por isso que as imagens na janela parecem tão familiares... padrões comuns que se repetem no meio de tanta diversidade. A resiliência, perseverança, alegria, simplicidade, sofrimento, fé, presença de um povo vivendo a sua vida de gado.

Aos poucos os pensamentos se esgotam e não sobra nada além do aqui e agora: o ônibus chacoalhando, a paisagem na janela, as pessoas a nossa volta apertados em seus bancos. Sinto a brisa no meu rosto, o tempo diminui de velocidade, todas as sensações se tornam mais vivas e presentes. Uma profunda sensação de alegria e gratidão inunda o meu corpo, me deixando com arrepios. Como é bom estar aqui... que presente é estar vivo! Meus olhos se enchem de lágrimas. Estou em paz, estou feliz.

Thomas

 

 

 

 

 

sexta-feira, 13 de abril de 2012

On Marriage by Kahlil Gibran

You were born together, and together you shall be forevermore.

You shall be together when the white wings of death scatter your days.

Ay, you shall be together even in the silent memory of God.

But let there be spaces in your togetherness,

And let the winds of the heavens dance between you.

Love one another, but make not a bond of love:

Let it rather be a moving sea between the shores of your souls.

Fill each other's cup but drink not from one cup.

Give one another of your bread but eat not from the same loaf.

Sing and dance together and be joyous, but let each one of you be alone,

Even as the strings of a lute are alone though they quiver with the same music.

Give your hearts, but not into each other's keeping.

For only the hand of Life can contain your hearts.

And stand together yet not too near together:

For the pillars of the temple stand apart,

And the oak tree and the cypress grow not in each other's shadow.

 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

On eating and drinking by Kahlil Gibran

Would that you could live on the fragrance of the earth, and like an air plant be sustained by the light.

But since you must kill to eat, and rob the newly born of its mother's milk to quench your thirst, let it then be an act of worship.

And let your board stand an altar on which the pure and the innocent of forest and plain are sacrificed for that which is purer and still more innocent in man.

 

When you kill a beast say to him in your heart,

"By the same power that slays you, I too am slain; and I too shall be consumed.

For the law that delivered you into my hand shall deliver me into a mightier hand.

Your blood and my blood is naught but the sap that feeds the tree of heaven."

And when you crush an apple with your teeth, say to it in your heart,

"Your seeds shall live in my body,

 

And the buds of your tomorrow shall blossom in my heart,

And your fragrance shall be my breath,

And together we shall rejoice through all the seasons."



And in the autumn, when you gather the grapes of your vineyards for the winepress, say in your heart,

"I too am a vineyard, and my fruit shall be gathered for the winepress,

And like new wine I shall be kept in eternal vessels."



And in winter, when you draw the wine, let there be in your heart a song for each cup;

 

And let there be in the song a remembrance for the autumn days, and for the vineyard, and for the winepress.

 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Meu amor pela Africa

Não me lembro desde quando, mas desde que me conheço por gente tenho o sonho de conhecer a Africa. Não é um conhecer turístico, mas sim um conhecer em profundidade as pessoas, as culturas, os lugares... como se esse continente fizesse parte de mim, como se algo fosse se revelar para mim através dele.

Eu nunca consegui entender muito isso, mas não tentei muito, porque foi algo que brotou do coração e não da razão. Talvez já tenha vivido uma vida passada por aqui.

Quando era adolescente, junto com uma amiga da faculdade, a Auryana, sentamos tardes e tardes, conversando sobre nosso sonho de vir a Africa e mergulhar nas diferentes tribos. Tinha algo mágico, misterioso, uma sabedoria ancestral que buscávamos aprender, um desejo profundo de servir as pessoas que estavam em situações de muita miséria.

E agora, já pouco mais de dois meses aqui, vou contar um pouco de como está sendo a minha experiência da Africa, considerando os lugares por onde passei, África do Sul, Zimbabwe, Tanzania e Quenia. Sendo essa, uma das muitas histórias que se pode contar de um continente mágico, controverso, complexo, sofrido, e acima de tudo lindo em todos os sentidos.

Querida Africa, terra que deu luz a humanidade, onde a nossa história humana teve início; terra rica em diamantes, ouro, ferro, solo fértil, incrível beleza natural, extraordinária diversidade cultural... desertos, florestas densas, savanas por perder de vista, montanhas e praias. Terra dos grandes mamíferos, onde os animais convivem com os humanos, nem sempre com um final feliz.

Terra que abriga aproximadamente 1 bilhão de pessoas, falando mais de 1000 diferentes línguas, no continente mais diverso cultural e etinicamente do mundo. Conhecemos Xhosas, Zulus, Basothos, Ndebeles, Shonas, Samburos, Turkanas, Maassais, Agikuyus, Luos, Iraqws, Barbaiks, Sukumas e muitos ainda conheceremos.

Terra de diferentes tribos, diferentes línguas, diferentes culturas e diferentes histórias algumas felizes, outras nem tanto. A vida na cidade, a vida no campo, duas realidades tão diferentes hoje representando o que é a Africa. Em muitas das capitais as pessoas vivem como em qualquer outra cidade do mundo, ainda com muita pobreza e pouco desenvolvimento urbano, mas com mais acesso a educação, recursos de moradia e saneamento que no campo.

Já no campo o que vimos foram pessoas vivendo em comunidades e vilarejos, com uma vida dura de plantar, colher, andar kilometros pra buscar água, quando tem, e mais kilometros pra levar os animais pra pastar, quando os possuem.

As comunidades rurais são normalmente muito pobres, com casas feitas de barro, sem saneamento básico e água potável. As pessoas são extremamente acolhedoras e afetivas com visitantes e abrem suas casas pra te receber, assim como seu coração, compartilhando o que tem e sua história.

É uma honra receber visitas na maior parte dos lugares aqui, e como dizem, um lar que não recebe visitantes é um lar morto. Os vilarejos são repletos de crianças, que vem correndo curiosas quando chegamos. Algumas vem sorrindo até você para tocar suas mãos, outras mais tímidas ficam olhando a distância, e ainda outras se assustam com a sua chegada.

Por onde passamos, cada mulher tem entre 5 e 8 filhos, em algumas comunidades os homens podem ter quantas esposas quiser, que colaboram entre si, se apoiando nas tarefas domésticas e na criação dos filhos. Quando contei que somos monogâmicos para uma das mulheres, ela me perguntou porque alguém não gostaria de dividir o marido?

Entendi sua pergunta, porque nesse contexto, na maior parte das tribos que passamos, quando a família não foi convertida cristã, as mulheres não tem escolha com quem casar, são os homens que escolhem as mulheres e as famílias negociam o dote para entregar suas filhas. Na maioria das culturas o homem é considerado superior, fazendo com que a maioria das mulheres sejam submissas e muitas vezes abusadas pelos homens. Mas são elas quem sustentam a casa e fazem todo trabalho em muitas famílias, enquanto os homens conversam uns com os outros, jogam etc. Então, imagino que deva ser bem melhor poder dividir esse fardo com outras mulheres, ainda mais que o casamento grande parte das vezes não é por amor.

Em muitas culturas para virar homem, o menino passa por um ritual dolorido e perigoso de circunsição e em algumas culturas as mulheres também. Tentamos entender o porque disso, e descobrimos que pra eles é muito importante ser reconhecido como homens pela tribo e passar por essa provação. Para as mulheres parece ser algo não muito questionável, é simplesmente como é. Muitas crenças e medos permeam as diferentes culturas impedindo que mudem os costumes e o ciclo continua passando de geração em geração.

Comida nem sempre está disponível, principalmente nas épocas de seca, nesses momentos as famílias se ajudam para sobreviver. As crianças tem um papel importante nas famílias, elas ajudam em todos os trabalhos domésticos desde muito pequeninos. Tocam os animais, lavam roupas, cuidam dos irmãos e ajudam com a comida, e com sorte poderão frequentar a escola. Os que frenquentam escolas, muitas vezes andam kilometros e kilometros pra chegar todos os dias. É de partir o coração ver os pequeninos trabalhando tanto, mudou completamente minha visão do que é ser criança aqui, mas para eles parece ser normal e para as famílias é uma questão de sobrevivência.

Além disso, muitas tribos são nomades, dificultando a educação das crianças, o que ainda é um sério problema na Africa e um dos principais motivos que impede o desenvolvimento de muitos países por aqui, na minha opinião.

Por tudo isso, viver o agora, o momento presente é uma das características que notamos em muitos africanos. A comida na mesa é o mais importante no fim do dia, o futuro está distante e incerto, por isso não há muita visão de longo prazo, nem planejamento. Uma das consequências disso é que parte da terra foi destruida em queimadas, no corte de árvores pra resolver o hoje e agora a terra já não é como antes e não mais oferece o que poderia.

O coração do continente que ainda sofre com fome, miséria, doenças e violência, transpira doçura, resiliência e força de um povo que tem uma história sofrida, mas que mesmo assim vive feliz com o que tem.

Essa terra que um dia foi descoberta, explorada e colonizada por europeus, tem seu povo resiliente que sobreviveu e continuou lutando com força e fé por sua indepedência, igualdade e liberdade. Finalmente conquistada em alguns países, mas não sem dor, nem sem mortes. Luta que ainda continua em muitos países que conquistaram sua indepedência dos colonizadores, mas ainda não de seus ditadores.

Povo que aprendeu o lugar de ser colonizado, que precisou calar sua voz, abaixar a cabeça e se submeter, povo que pensou ser inferior, que aprendeu a ter vergonha do não saber, e esqueceu o seu saber... povo que um dia entregou sua liberdade, mas que aos poucos está reconquistando-a, junto com sua dignidade.

Fome, miséria, ignorância, violência estão presente em todos os lugares que a vista consegue alcançar, assim como a bondade, o afeto, a beleza das diferentes cores e a riqueza dos diferentes sabores culturais. Ah, contradição facisnante e dolorida que sacode meu coração... tristeza, compaixão, indignação... Qual seria a solução?

Num continente invadido pela corrupção, do guarda na estrada ao presidente, todos querem a sua parte. Muita ajuda internacional que pouco faz, a não ser alimentar e reforçar o ciclo da corrupção. Grande parte do dinheiro recebido, pouco chega onde realmente precisa, porque no caminho vai enchendo muitos bolsos.

E a grande pergunta é: Uma política assistencialista ajuda a desenvolver um país ou o torna mais dependente?

A história do dar o peixe ou ensina a pescar está muito presente pra mim aqui. Em um continente que foi colonizado, onde as pessoas perderam seus direitos, sua terra e foram desempoderadas, assistencialismo só reforça esse lugar, alimenta o ciclo da dependencia. E quando não tiver mais ajuda de fora?

Empoderar as pessoas para que redescubram seus talentos, seu poder de escolha e recuperem sua auto-estima, em minha opinião, pode sim ajudar muito mais a desenvolver um povo para que prospere e conquiste uma vida digna.

Mas a pergunta que não quer calar é: Será que internacionalmente existe algum interesse em que a Africa se desenvolva de verdade, ou manter a dependência é conveniente?

Na 'industria' da ajuda humanitária muitos se beneficiam, exceto quem realmente precisa. Benefícios monetários e também psicológicos, muitos empregos e muitas pessoas se sentindo melhor, porque estão fazendo 'bem'. Isso não está ajudando a Africa a se desenvolver, pelo contrário, mais corrupção e dependência. Em muitos lugares que estivemos, as pessoas veem brancos como provedores de ajuda, de dinheiro, de saber...

Conhecemos muitos projetos e pessoas que realmente estão fazendo a diferença na vida das pessoas, alguns estrangeiros e muitos locais também, o que me deu muita esperança. Apesar de ainda haver muitos conflitos entre tribos, guerras civis, ditadores, corrupção, miséria e pouca educação, o que contribui para as coisas ficarem como estão, por outro lado, vejo muita esperança e potencial nas pessoas, força e resiliência o que pode levar a Africa a ser um exemplo de sucesso e prosperidade para o resto do mundo, superando esses desafios hoje presentes.

vivendo cada dia intensamente,

Narjara Thamiz

 

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Why am I here?

I'm here because I dream of a planet where everyone knows who they are, where everyone has a chance to find happiness and live with dignity, where everyone can live in harmony with oneself, eachother and the planet.

I'm here because I believe in the human being, I believe we are all good in our essence and we can overcome our weeknesses together.

I'm here because I wanna learn, I wanna grown and be better, and because I wanna serve the greater cause.

I'm here because I wanna be this planet I dream of, I wanna learn a way that we can all be what we dream of, I wanna learn a way that we can together end so much suffering there is still in this world. Because I believe that when there is still one human being suffering on this planet, none of us will be able to be truly happy.

May we all look around us and do our part helping those in need to find their own happiness, dignity and harmony.

with love,

Narjara Thamiz

The Prison

Sometimes I fell locked in a prison, a cage that I created for my ownself limiting my being into a contained space of self-exigence and self-judgement.

It feels like there's a judge watching every step I take to guarantee that it will be perfectly right, to guarantee that I'll be accepted and recognized, to guarantee that I will be loved... and any step away from what the judge thinks is perfect, it is sentenced and judged in a way that brings me down.

Its amazing how that happens, I know better, but the unconscious patterns plays tricks on me, bringing up childhood wounds and transforming it into a cycle of repeting the patterns to reafirm it.

It seems to me that according to our experiences, pathways are created in our brains and we tend to follow this known paths again and again, instead of starting new ones. And as much as we use them, it deepens and become harder and harder not to follow it.

So how do we break those patterns that we don't want anymore? That has been my question for a long time.

What I've been noticing is that besides the judge, there is another 'caracter' watching over me, is a sutil one that I call higher self. It is kind to me and always look in a compasionate way into what I am doing, because it knows it is only a small part of me.

I would say they are two different sides, one is my ego, that had incorporated cultural, social and family patterns; the other is my spirit that understands who I truly am and knows the experiences I'll need to have in order to evolve. The first one hurts me a lot, yet the second one gives me a bigger understanding of myself. The duality of the physical world.

I have realized that, what can take me out of this cycle is to stop looking for answers outside of myself, to stop comparing myself with standards that I don't even know where it come from. And instead, start focusing on accepting myself the way I am, imperfect as anyone else, on loving myself instead of seeking for love and recognition outside.

I know all of that by heart, but sometimes I can't do it, because the ego plays tricks on me. Isn't that the 'game of life'? Fighting the imperfection within us to overcome it and evolve?

I've understood in practice what really means what I've known in theory for a long time: In order to love others and to evolve we have to first be able to love and acept ourselves, since by far, we have been the worst judges for our own selves.

Many times I see that people are not able to deal with that inner imperfection and they end up projecting that imperfection outside onto other people, places or situations. They'll find enemies, feel threatened by the differences, judge right and wrong, judge people, end up going to wars, killing each other etc.

That's the story of humany all over the world, that's the story of each one of us. What does it take for us to see, deal and accept our shadows as much as our light, as two sides of one self ?

in the question,

Narjara Thamiz