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sábado, 10 de março de 2012

The Kufunda Woman

I've been in Zimbabwe for four weeks, and three of them have been in Kufunda, where I have been following the woman's work and wanna share my experience with you, so you can also have a sense of what I have been experiencing and help if you can and want to.

As far as I could see, in Zimbabwe there's almost no space for women to be and to freely express themselves. Throughout time most of them have been learning to be submissive to man and this has lead to many negative consequences in the culture and specially for the women in the rural areas, in my opinion.

And in Kufunda there is a women's movement starting to happen towards changing that situation. The women are gathering together in circle to talk about themselves, to share their lives, questions, fears and hopes and also to discover their talents and produce things together to sell and help to sustain their families.

The women I've meet are doing an amazing work within themselves and making a difference not only in their lives and families, but also taking a courageous step towards change in the women situation in the country, through example and action.

The group is mainly making natural jewelry out of seeds and wood, you can see some pictures bellow. They are finding their way to sell them in the country, but have been sending them abroad through friends that visit here. And to improve their work they need to get more tools. So if you can help in anyway disseminating the work, finding opportunities to sell the jewelry, or helping with the tools, it will be most welcome. I'm listing the tools they still need bellow and also attaching a picture where you can see some of the work.

If you wanna know more about Kufunda's work in Zimbabwe, the website is kufunda.wordpress.com. There you can also find link where you can help financially if you want to.

The tools needed for the women's group are:
4 round nose pliers - around US$ 10 each
4 wire cutters - around US$ 10 each
4 crimpers - around US$ 10 each
4 flat nose pliers - around US$ 10 each
1 rock tumbler - around US$ 300
1 jewellery drill (220v)- around US$ 60

Kindly,
Narjara

sexta-feira, 9 de março de 2012

Querida Kufunda


Entre o nascer e o pôr do sol reina um fazer silencioso, quase não fazer
O ar pacifico dos campos circula entre as pedras, o vilarejo e a plantação, enfeitiçando os visitantes em uma profunda contemplação

contemplação da vida, do tempo, das relações
e o que é aprender na vila do aprender?

as pessoas se encontram e compartilham seus saberes
vão tecendo os seus sonhos e coordenando seus fazeres
desafios vão surgindo e as pessoas se unindo
ancoradas no sonho comum e na força que nasce interagindo

a natureza cerca a vila e dela faz brotar
conhecimentos, experiências, generosidade para compartilhar

os passáros cantam pra anunciar
a chuva que cai pra fertilizar
o nascimento de um fértil oasis
um oasis que traz vida no deserto Zimbabweano

os olhos, cansados, mas esperançosos
as almas vivas lutando a batalha
os corpos tentando acompanhar um ritmo de mudança intensa
muito além do que qualquer indivíduo sozinho seria capaz de realizar

guerreiros do coração, unidos numa batalha difícil
além de suas habilidades e conhecimentos
com muitos contra-tempos no caminho
mas persistem e juntos são capazes de realizar mais

e de grão em grão, vão semeando o que aprendem
sementes plantadas nos diferentes vilarejos
que vivem da mesma realidade, mas não tem ainda a coragem
que os Kufundees tiveram de ousar e tentar uma realidade diferente

as expectativas devem ser extintas, elas não são parte da alma
elas não são parte do ritmo natural de Kufunda
o ritmo que o universo dita, o ritmo da auto-organização
ritmo lento, ritmo rural, ritmo sem ritmo

Kairos rege o tempo
tudo tem seu próprio tempo
um tempo como tempo algum
Tempo humano, tempo maluco, tempo nenhum

e aí de quem tentar ditar diferente
tenta, tenta e bate de frente
e Kufunda segue, pulsando o pulso do coração
um coração que pulsa por querer, por acreditar, pulsa por amar e ama por pulsar

as sementes da igualdade, da vida, das oportunidades são plantadas
apoiando a transformação das pessoas em todas as idades
educando crianças e formando lideranças jovens
crianças e lideranças que construirão, não só o futuro de suas vidas, mas o futuro da nação

o cuidado com a mãe terra é integrado em tudo o que se faz
da água ao solo, da energia a alimentação...
vão testando formas sustentáveis de produzir, de viver
e assim oferecem alternativas reais e viáveis as comunidades do país

ousam viver diferente, dar o exemplo e experimentar o novo
fazem com o que tem, erram, acertam, melhoram e tentam de novo
nem tudo funciona, nem tudo dá certo
mas de pouco em pouco o país vão transformando

suas mulheres fortes e determinadas, em silencio desabrocham seus talentos
e na batalha expressam sua voz para seguir um destino que já não mais as aprisionam
agora sabem que vivem na escolha, fazendo de seus sonhos, seu destino

todos aqui aprendem todos os dias com todas as experiências
os desafios fortalecem, os conflitos aproximam e o amor une

água num dia, luz no outro, as vezes os dois juntos... Vitória! :)
muito realizado e ainda muito a realizar, assim como cada um de nós
será isso viver aprendendo? ou será isso uma comum-unidade que vive aprendendo?

a lua nasce no horizonte iluminando os caminhos de terra
o cheiro de comida quentinha feita na lenha perfuma o ar
e o som da mbira anúncia o encontro de pessoas pra celebrar
tudo isso e muito mais é a Kufunda que conheci

com gratidão e carinho dedico esse texto para todas as pessoas que conheci em Kufunda e que fizeram de minha experiência enriquecedora.

Narjara

quarta-feira, 7 de março de 2012

Quanto vale uma mulher?

O que é ser mulher? Qual o papel do feminino na sociedade e na família? Qual é a dança entre o feminino e masculo dentro de cada um de nós e no mundo? Essas são velhas perguntas que reacordaram em mim desde que cheguei aqui em Kufunda, no Zimbabwe.

Para compartilhar com vocês um pouco da realidade por aqui, vou contar uma história fictícia, baseada na combinação das diferentes histórias que escutei.

Era uma vez uma garotinha de 8 anos, chamada Nyarai. A terceira de cinco filhos, a mais velha de duas meninas de uma família pobre, que vive num vilarejo em Zimbabwe cultivando milho. Desde já ela trabalha pra ajudar a família com as tarefas domésticas, lava roupa, ajuda a mãe a cozinhar, limpa a casa e ajuda a cuidar dos irmãos. Além de tudo isso, ela também vai pra escola, afinal sem educação não conseguirá ser ninguém no futuro.

O tempo passa e Nyarai vai crescendo e aprendendo tudo o que sabe na convivência com a família, com as pessoas no vilarejo onde vive e com as outras crianças na escola, que é o que ela mais gosta.

Ir pra escola, apesar das longas caminhadas, é poder mergulhar um pouco em seu próprio mundo, sem precisar ter nenhuma responsabilidade, sem precisar cuidar de tantos afazeres domésticos. Para ela, é um tempo que é só seu, para conversar com os amigos, aprender e se divertir.

Mas o tempo passa rápido, logo Nyarai está com 17 anos, terminando a escola. Como sua família não poderá ajudá-la a pagar o ensino superior e ela precisa trabalhar pra ajudar a família, Nyarai não vai conseguir fazer faculdade. É uma frustração, mas ela sempre soube disso, ainda mais porque sempre quis ter uma família e para isso logo se casará e terá filhos e aí, os estudos ficariam em segundo plano de qualquer forma.

Mas sem ter nem muito tempo pra pensar nisso, um garoto do vilarejo se apaixona por ela e vai até sua família pedi-la em casamento. Ela realmente ainda não se apaixonou por ele, mas ficou lisongeada com o pedido, agora seu sonho de ter uma família está muito perto de acontecer.

O garoto, Bongo e sua família, vem economizando para o casamento, já que eles precisará pagar lobola, um dote em dinheiro, para a família da noiva. A família da noiva celebra, pois esse dinheiro será muito bem-vindo nas condições em que estão atualmente.

Quando finalmente ele consegue pagar, eles se casam. Agora um laço bem maior que o matrimônio os une, junto com o casamento uma herança cultural bem antiga de seus ancestrais pesará sobre seus ombros e sobre sua família. Ele passa agora a ter uma obrigação eterna de ajudar a família dela, e ela vira 'escrava' não só do marido, mas também da família dele.

A irmã de seu pai é quem a ensina como se portar com o marido, todas as necessidades dele e suas obrigações como esposa, mas nenhum só direito. Ela teme o que vem pela frente por todos os exemplos que já viu, mas sente que esse é o seu destino como mulher, mãe e esposa. Assume seu lar com coragem e dignidade, e enquanto o marido trabalha pra sustentar a família ela cuida de todo o resto.

Logo vem o primeiro filho, Nyarai está cansada com as noites em claro e todo o trabalho da casa. Ela não quer ter relação com o marido e as brigas começam. Ele joga na cara dela o quanto pagou por ela, justificando que ela é obrigada a serví-lo por isso. Tsitsi chora perante a impotencia que sente diante da situação. Ele fica agressivo e ela se rende com medo de que possa ficar pior.

Ela passa muito tempo com o bebê, o dinheiro que Bongo ganha já não está sendo suficiente pra sustentar a família e por pressão ele começa a cobrar mais ainda dela, que já cuida da casa, da roupa, da comida, do filho e ainda cumpre com os deveres de esposa as noites.

Ela se vê obrigada a trabalhar pra contribuir também, se não vão passar fome. Ele se sente sobrecarregado com a responsabilidade da casa, não se sente feliz, mas esse modelo de ser homem e marido, é o único que ele conhece e que tem estado na família há muitas gerações.

Passado o tempo vem o segundo, o terceiro e quando chega o quarto filho, ela vai testar HIV antes do parto e descobre que é positivo. Seu mundo desmorona ao mesmo tempo que descobre que sua contamição se deu por causa da traição do marido.

Com raiva, medo e indignação, sem saber como agir, ela procura sua mãe, que lhe diz claramente que tem que continuar sua vida com o marido, se não envergonhará a família. Tsitsi não tem o direito de se separar perante essa cultura, a única forma é se o marido quiser.

Ela tenta se separar dele e sai de casa, mas como ele não quer, a família fica contra ela e já não pode se relacionar de novo, até que ele lhe dê um distintivo que está divorciada, o que ele não vai fazer.

Sem o apoio da família nem da sociedade, ela vira mãe solteira, e agora é completamente excluída, mal vista e rejeitada pela sociedade e pela família, sobrando-lhe poucas alternativas para sustentar sua família, que não virar prostituta.

Sua tia lhe acolheu em sua casa, mas disse que precisaria sustentar seus filhos e Tsitsi está determinada a sustentar sua família começando a vida na prostituição, quando encontra um grupo de mulheres solteiras e começa a participar dele.

As mulheres se organizam juntas para lavar e costurar, assim conseguem uma renda para suas famílias. Além disso, Nyarai encontrou muitas histórias parecidas com a sua e descobriu que é alguém e que continua tendo valor, mesmo com tudo que lhe aconteceu. Ela encontrou um grande amparo e suporte emocional em estar com essas mulheres, compartilhando suas histórias de vida e vislumbrando uma esperança para o futuro.

Assim Nyarai começa a se descobrir mulher, a conectar a força e com a beleza que tem e não sabia, começa a redescobrir seus sonhos e desejos. E um botão de rosa quase murcho, desabrocha numa linda rosa vermelha, incentivando outras rosas a fazerem o mesmo.

Essa história representa bastante o lugar da mulher e seus dilemas hoje na sociedade Zimbabweana. Ambos mulheres e homens parecem inconscientemente viver os mesmos papéis que seus ancentrais viveram, renovando a roda da cultura e da submissão a cada geração.

As histórias e depoimentos que escutei são de partir o coração de uma mulher brasileira que tem a liberdade que eu tenho e provocam uma profunda indignação por um lado, e uma profunda reflexão por outro. As mulheres no Zimbabwe tem uma força incrível, mas muitas vezes por medo calam e engolem sua voz e sua expressão.

Medo de quê? Porque cada uma dessas pessoas, mesmo não sendo de acordo, seguem mantendo essa cultura viva geração após geração?

E o que tenho descoberto é que a maioria ainda atribui isso tudo a cultura, como se fosse algo fora deles, aí o poder de ação é quase nenhum, pois já não depende de cada um. Mas o que é a cultura se não os valores e comportamentos que escolhemos reproduzir ao longo do tempo?

As mulheres tem e criam seus filhos, possuem um grande poder de transformação nas mãos e escolhem seguir com a cultura. Conversei com muitas mulheres por aqui e descobri que existem muitos mitos e crenças por trás de tudo isso, baseados no medo, fazendo com que a cultura sobreviva.

Por exemplo, lobola, o dote do noivo pra família da noiva, era uma forma do homem provar a família da noiva que era capaz de cuidar dela, na maioria das vezes isso representava caçar um animal ou algo do genero. Hoje, muitas famílias se aproveitam disso para 'explorar' os futuros genros, pedindo quantidades de dinheiro.

Eles acreditam que se não pagarem, a família terá má sorte e assim o ciclo se mantém, ambos cumprindo o destino que a cultura lhe impõe sem saber exatamente o que isso significa, o homem sentindo-se o dono da mulher, porque teve que pagar por ela, e a mulher se submetendo a sua ilusão da não escolha, porque foi criada pra obedecer e se não o faz é rejeitada pela família. E assim o ciclo perpetua.

E a pergunta que não quer calar, as famílias estariam dispostas a não cobrar por suas filhas pra quebrar esse ciclo? Nenhuma das mulheres conseguiu responder essa pergunta prontamente.

Fica a pergunta, quanto vale a dignidade de uma mulher? Será que as pioneiras de Kufunda conseguirão gerar um movimento que coloque fim a esse ciclo destrutivo, preservando só o melhor dessa cultura?

Talvez o rabino Pinchas de Koretz tenha razão quando diz: "Quando uma pessoa tem medo de alguma coisa, ela é, na realidade, subjugada a essa mesma coisa. Temer é fazer acontecer inúmeras vezes aquilo que se teme. É nos temores que estão as chaves para compreender nossa crença mais profunda."

No mais profundo do meu feminino,

Narjara

terça-feira, 6 de março de 2012

Até Quando?

Até quando econtraremos desculpas...
para não sermos inteiramente quem somos?
para não expressarmos nosso verdadeiro poder?
para não realizarmos nossos sonhos?
para não sermos tão grandes, quanto realmente somos?
para não sermos tão livres, quanto verdadeiramente somos?

O que nos faz escolher a não escolha? Qual é essa prisão que nos matém vítimas em nossas próprias vidas?

Como escreve lindamente Marianne Williamson: "É a nossa luz e não nossa sombra o que mais nos assusta. Nosso mais profundo medo não é o de ser inadequado. Nosso mais profundo medo é de sermos poderosos além da medida. Nos perguntamos, quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?

Na verdade, quem é você para não sê-lo? Você é filho de Deus. Você sendo pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de iluminado em diminuir-se para que os outros não se sintam inseguros ao seu redor.

Nascemos para manifestar a glória de Deus que está em nós. Não está só em alguns de nós, está em todos. E quando permitimos que nossa luz brilhe, nós inconscientemente damos permissão a outras pessoas para fazerem o mesmo.

Quando nos libertamos de nosso medo, nossa presença automaticamente liberta outros."

Com amor,

Narjara

A infância Zimbabweana

o sol aparece no horizonte, as crianças levantam e começam a trabalhar, pois logo terão que caminhar pra escola. O som dos baldes, da água correndo, do soar da vassoura e das panelas batendo faz parte do nosso despertar todos os dias.

Com agilidade e energia, as meninas lavam roupas e ajudam a mãe no café da manhã, enquanto o garoto cuida do bebê, carregando ele em seus braços pra cima e pra baixo pra distrair-lo enquanto as mulheres trabalham.

Infelizmente a infância não é como nos sonhos para a maioria das famílias no Zimbabwe e provavelmente em muitos outros lugares na África e no mundo. E isso, não é porque os pais são 'malvados', mas sim porque com a pouca infra-estrutura, número elevado de pessoas por família e com o salário pequeno que ganham, realmente precisam da ajuda de todos pra fazer a família funcionar bem e sobreviver.

Já são quase sete horas e as crianças já estão uniformizadas e junto com mais crianças da comunidade caminham por volta oito kilometros pra ir pra escola, todas as manhãs. O silêncio paira, mas posso ver o cansaço nos olhos das crianças e também uma certa alegria em ir pra escola, eu imagino que deve ser bem gostoso estar num grupo de crianças indo juntas, além de também ser um tempo fora do trabalho doméstico.

Não consigo conversar com elas, pois não falam inglês, então sorrio, me aproximo e digo oi. Algumas vezes ganho um sorriso de volta, outras acho que estão cansadas e sérias demais trabalhando pra me dar um sorriso... mas o mais gostoso, é quando ficam curiosas com o que estou fazendo, e percebo seus olhares me observando. Me dá uma vontade louca as vezes de dar um abraço, pegar no colo, contar histórias...

Já são por volta das três da tarde, e lá vem as crianças de volta, mais oito kilometros de volta, pegam o irmaozinho bebe com a mãe no trabalho e começam o trabalho para preparar o jantar, enquanto a mãe, que trabalha como doméstica não chega. Lavam roupa, louça, limpam o chão, o banheiro, cuidam do irmão e de vez em quando, entre uma atividade e outra, brincam uns com os outros.

São três irmãos e uma prima, cuja mãe morreu quando era bem pequena, e agora mora com a tia e os primos. A prima é a mais velha, com dez anos, o bebe está com quatorze meses. Quando a mãe chega eles preparam o jantar juntos, comem, lavam a louça e vão descansar para o próximo dia.

O pai deles vem de vez em quando, acho que ele trabalha em outra cidade. Quando ele vem, em alguns finais de semana, as crianças dormem no hall entre nossos quartos, para que os pais tenham privacidade. Aíiii, que chão gelado... dormem em cima de uma manta fina.

O chuveiro do banheiro não funciona, então os banhos são a canecas com água esquentada, a privada é fora da casa, um banheiro seco, que não está bem cuidado, e portanto cheio de moscas e mão cheiroso. O lixo orgânico fica ao lado da casa para compostar e o resto do lixo é queimado quando junta-se uma determinada quantidade.

A comida é preparada do lado de fora da casa, com a família toda junta, um epaço improvisado para fogueira, as crianças pegam gravetos todos os dias para fazer fogo, as panelas vão em cima de uma pequena grade e logo o cheirinho bom de comida e a fumaça da fogueira podem ser sentidas por toda casa.

Aqui, assim como eles, as pessoas comem com as mãos, talherem são um luxo que nem todos podem se dar, todos sentam no chão e comem juntos, exceto quando o pai está presente, ele é o único que senta-se a mesa.

Uma família de ratos, divide a mesma casa com a gente, ocupam principalmente o telhado. Isso é bem comum em todas as casas por aqui, ficamos em desespero no começo, mas agora já mais tranquilos.

Em muitas manhãs, nossa visinha, super mãe de família, com todas as atribuições que tem, ainda cuida de nós deixando um balde de água quente sobre a fogueira para o nosso banho... isso facilitou nossa vida demais, porque a panela que temos pra esquentar água é bem pequena e o fogão elétrico. Agora nossos banhos estão quentinhos. :) Com as condições do banheiro, adotamos o mato como nosso banheiro, e nos dias que estivémos doentinhos com diarreia, foi uma correria de ir pro mato toda hora... rs

Fico imaginando o que significa ser criança aqui, com toda a responsabilidade que carregam desde pequeninos. Com certeza tem diferentes cores das cores que tiveram a minha infância, quais serão essas cores que formaram o futuro desse país?

Refletindo e com saudades,

Narjara

O despertar de um coração

o sol nasce e traz a luz do novo dia que desperta
repleto de possibilidades como uma estrada aberta
a alegria de estar viva inunda meu ser
o verde das árvores nutrem meu olhar
o som dos pássaros acariciam meu escutar
a jornada faz meu coração bater

todos os dias plantando sementes
regando e cuidando
pelos campos sigo caminhando
e no fim do dia, colhendo presentes

meu coração vai se abrindo...
cada pessoa que eu conheço
cada lugar por onde passo
cada experiência que vivo
fica uma parte de mim sorrindo
levo uma parte do outro curtindo

coração que se escancara, jorra sensibilidade e amor
coração que se indigna, explode em íra e dor
coração que se entristece, estravasa lágrimas de compaixão
coração que se alegra, celebra com coragem e paixão

coração vivo, pulsa, se abre para o mundo
se entregando, confiando a todo segundo
se despindo da ilusão que agarra
desapegando do julgamento que amarra
pra se inundar do amor que com o sol, desperta

Namaskar,
Narjara