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quinta-feira, 3 de maio de 2012

A mudança e a evolução

Hoje me dei conta de algo importante e vou contar uma história para ilustrar.

Estava lendo um capítulo de um livro sobre a Sociologia do Islã, em que o autor se dá conta da importância das migrações dos povos na história da humanidade. Ele fala que todas as civilizações foram fundadas por um povo que migrou do seu lugar de origem para um outro lugar e lá deu origem a nova civilização. 

Fiquei refletindo sobre isso e de repente me dei conta de algo importante. Estamos num hotel simples num bairro bem gostoso do Cairo, Zamalek. Quando chegamos aqui, tínhamos reservado um quarto com banheiro, um banheiro apertadinho, com um chuveiro que não funcionava direito, uma varanda, tv e ar condicionado.

Dois dias depois resolvemos mudar para um quarto mais barato para economizar, o quarto só tinha um ventilador e um pia bem pequenina. Sentimos muito a diferença e ficamos incomodados em ter que se trocar e sair do quarto para usar o banheiro e tomar banho.

Uma semana depois, hoje eu fui tomar banho e me dei conta de que estava super confortável e até curtindo. Aí lembrei de quando chegamos em Kufunda Village no Zimbabwe, nosso banheiro era o mato e tomávamos banho de canequinha, e com água quente só se tivesse energia elétrica. No começo foi bem desconfortável, mas depois de uma semana estávamos bem e quando saímos de lá viajando pelo Zimbabwe, em condições bem piores, eu sentia falta do mato de Kufunda e do chuveiro de canequinha.

Me dei conta do quão rápido nos acomodamos as diferentes situações de nossas vidas, sejam elas boas ou ruins. Depois de um tempo nos adaptamos as situações e elas passam a ser nosso território conhecido, nossa zona de conforto.

Por um lado isso mostra nossa resiliência como seres humanos, mas por outro também mostra nossa tendência a estagnação, sem nem mesmo nos darmos conta. Estar na mesma situação por muito tempo vai criando mais resistência para mudança, quanto mais nos acostumamos, mais resitentes ficamos e menos resilientes também.

Aí fiquei refletindo sobre o papel da mudança dos povos que fizeram possível o nascimento das civilizações e dos quarenta anos que moisés passou no deserto para que uma geração inteira de escravos morresse, para que a nova geração pudesse fundar o povo de Israel. Porque o nascimento dessas civilizações não foi possível em seus lugares de origem? O que a mudança de lugar pode ter provocado de mudança na sociedade que possibilitou tal feito, que antes não era possível?

Qual a dosagem de mudança que precisamos na vida para nem estagnar e nem deixar de viver com a profundidade suficiente para criar raízes nas experiências que temos?

Essas são perguntas que estou me fazendo, sem chegar a nenhuma conclusão, a não ser que mudanças fazem bem para oxigenar o corpo e a alma, sacudir um pouco do pó que acumulamos e para renovar nossa visão de mundo com diferentes perspectivas, necessárias para evoluirmos em nossa jornada na vida.

Lembrei também do bambu como um equilíbrio perfeito entre estabilidade e resiliência, pois cria suas raízes e se mantém flexível na superfície para não romper com os ventos da vida.

Namaskar,

Narjara

 

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